quarta-feira, 27 de junho de 2012

(soon translated to english)Antes de mais, e como uma simples introdução, gostava de poder justificar num afecto literário a criação deste blog. Gostaria de começar por dizer que ele surgiu com o culminar de uma experiencia muito intensa, vivida neste ultimo ano que deu origem a um conjunto de obras, que reflectem uma vontade e empenho muito pessoais. Dentro das linhas conceptuais do mesmo, assumo com honesta vontade o desejo de que este se esforce por ser um reflexo da minha identidade, e que assim, possa com fraternidade e assertividade, comunicar o trabalho que tenho desenvolto enquanto pintor, designer e acima de tudo, enquanto ser humano. E é dentro desta simples vontade, que assumo a construção literária na 1º pessoa, já com o objectivo clarividente, de tornar este momento que se constrói na partilha, o mais intimo e claro possível. Para você enquanto receptor e para mim enquanto emissor, possa esta, a mensagem que nos une, ser pelo menos concisa e transparente.


De próxima ligação ao desenho, decidi abrir portas à minha necessidade criativa e escolhi como plataforma, aquela que me parece ainda hoje ser, a mais ligada, conceptualmente ao sentimento. A pintura. Debrucei-me sobre ela, completamente desprovido de conhecimentos técnicos e apenas acalentado por duas frases, que durante os meus boémios estudos, fixei com real empatia. "Uma arte que não se baseia em sentimento, não é arte" de Cézanne, e "Nunca imites ninguém, que a tua produção seja como um novo fenómeno da natureza" de Leonardo da Vinci.

Por elas motivado, e movido pela imperial vontade de encontrar um veículo para expressar a minha visão, a minha alma, iniciei-me na pintura. Partindo do zero, e querendo evoluir naturalmente, decidi impor coragem à minha postura, e comprei 2 telas, aproveitando uma caixa de tintas que havia comprado cerca de 2 anos antes, já com a intenção de a certo dia lhes poder dar bom uso. Como sempre, fui bastante autodidacta, o que me criou imensos problemas durante a vida escolar, comecei por trabalhar a tinta, essencialmente com os dedos e deixei-me levar exclusivamente pelo sentimento e pela vontade de comunicar. E é, realmente debruçado na relação muito intima com a obra, que desenvolvi a minha abordagem à pintura. Explicar o como, é aquilo a que me proponho de seguida. O histórico esmiuçado é fruto de um caminho todo ele composto por inúmeros pormenores que contribuíram ultimamente para a criação de cada obra segundo um sentido construtivo empírico e nunca inflexível perante a intelectualidade última, que lhes deu origem. Destes "pormenores", destaco o Design, enquanto disciplina, e o desenho, uma paixão que ganhou forma à medida que a vida se foi desdobrando e assim, revelando. Mas acima de tudo, saliento, o exercício criativo promovido pelo sentimento e que resulta na exploração das relações formais, as quais estilizo segundo a minha vontade de lhes compor a expressividade que lhes antevejo (forma/função) tendo sempre em conta primordial a hegemonia do "todo" em cada obra produzida. Compreendo dentro desse sentido, que uma obra sem melodia, é uma obra que não me alegra, e é nesse principio que assento os meus objectivos, se os concretizo segundo o meu ponto de vista, concretizo-os segundo a realização que me permite manter de pé, honesto com a minha necessidade e com vontade de em paz, continuar a construir as minhas elações do que é o nosso mundo, o constituinte físico e metafísico de cada uma das suas partes, conforme a leitura e o que queira privilegiar no seu devido contexto.


Um foco, na grande condicionante do meu trabalho no ponto cardeal da sua conceptualidade, é a luz, , pois é ela aliada à forma que dá origem a tudo.


O que compõe qualquer "imagem"? - Luz e forma. Sem luz a forma não é visualizável, sem forma a luz é indistinguível. É a forma/espaço que permite a existência da luz. Esta directriz é a base da estilização que trabalho. No entanto em vez de focar numa abordagem que se centralize na evidencia sombra/luz, remetendo a composição para uma maior preocupação com o realismo e não com a criatividade, tendo a me dedicar sim à estilização da luz por todo o potencial que lhe está intrínseco, pintando a luz e usando para isso a escolha de diferentes tons, tendo como único critério a obtenção da luminosidade sentida, o que pode ser atingindo com qualquer tom que perfaça a necessidade. É assim que assumo a tinta como uma ferramenta e não como uma estratégia, não quero com isso dizer, que uma condição não permita a outra, apenas escolho esta analogia, para realçar a forma como a uso de modo a obter a forma, em vez de a reproduzir ou simplesmente interpretar, é assim que encontro nessa abordagem um canal que me permite estilizar a própria luz e a forma que a torna perceptível, numa pelo menos desejada, harmoniosa fusão e é nesse processo que consigo prolongar o momento criativo, o momento instantaneo numa série de outros momentos que lhes dão continuidade e assim maturidade, sempre trabalhando a forma, esculpindo-a, com verdadeira devoção na sua expressividade ultima, na assertividade inspirada, apenas alcançavél através do trabalho dedicado e criativo que são na soma das partes, apenas a recreação de um tema tendo como ponto de partida as suas inerentes características, as fisicas e as metafisicas, sendo estas ultimas, no meu especifico caso, as orientadoras do meu cunho pessoal.












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