(soon translated to english)Antes de mais, e como uma simples introdução, gostava de poder
justificar num afecto literário a criação deste blog. Gostaria de
começar por dizer que ele surgiu com o culminar de uma experiencia muito
intensa, vivida neste ultimo ano que deu origem a um conjunto de obras,
que reflectem uma vontade e empenho muito pessoais. Dentro das linhas
conceptuais do mesmo, assumo com honesta vontade o desejo de que este se
esforce por ser um reflexo da minha identidade, e que assim, possa com
fraternidade e assertividade, comunicar o trabalho que tenho desenvolto
enquanto pintor, designer e acima de tudo, enquanto ser humano. E é
dentro desta simples vontade, que assumo a construção literária na 1º
pessoa, já com o objectivo clarividente, de tornar este momento que se
constrói na partilha, o mais intimo e claro possível. Para você enquanto
receptor e para mim enquanto emissor, possa esta, a mensagem que nos
une, ser pelo menos concisa e transparente.
De próxima ligação ao desenho, decidi abrir portas à minha necessidade
criativa e escolhi como plataforma, aquela que me parece ainda hoje ser,
a mais ligada, conceptualmente ao sentimento. A pintura. Debrucei-me
sobre ela, completamente desprovido de conhecimentos técnicos e apenas
acalentado por duas frases, que durante os meus boémios estudos, fixei
com real empatia. "Uma arte que não se baseia em sentimento, não é arte"
de Cézanne, e "Nunca imites ninguém, que a tua produção seja como um
novo fenómeno da natureza" de Leonardo da Vinci.
Por elas motivado, e movido pela imperial vontade de encontrar um
veículo para expressar a minha visão, a minha alma, iniciei-me na
pintura. Partindo do zero, e querendo evoluir naturalmente, decidi impor
coragem à minha postura, e comprei 2 telas, aproveitando uma caixa de
tintas que havia comprado cerca de 2 anos antes, já com a intenção de a
certo dia lhes poder dar bom uso. Como sempre, fui bastante autodidacta,
o que me criou imensos problemas durante a vida escolar, comecei por
trabalhar a tinta, essencialmente com os dedos e deixei-me levar
exclusivamente pelo sentimento e pela vontade de comunicar. E é,
realmente debruçado na relação muito intima com a obra, que desenvolvi a
minha abordagem à pintura. Explicar o como, é aquilo a que me proponho
de seguida. O histórico esmiuçado é fruto de um caminho todo ele
composto por inúmeros pormenores que contribuíram ultimamente para a
criação de cada obra segundo um sentido construtivo empírico e nunca
inflexível perante a intelectualidade última, que lhes deu origem.
Destes "pormenores", destaco o Design, enquanto disciplina, e o desenho,
uma paixão que ganhou forma à medida que a vida se foi desdobrando e
assim, revelando. Mas acima de tudo, saliento, o exercício criativo
promovido pelo sentimento e que resulta na exploração das relações
formais, as quais estilizo segundo a minha vontade de lhes compor a
expressividade que lhes antevejo (forma/função) tendo sempre em conta
primordial a hegemonia do "todo" em cada obra produzida. Compreendo
dentro desse sentido, que uma obra sem melodia, é uma obra que não me
alegra, e é nesse principio que assento os meus objectivos, se os
concretizo segundo o meu ponto de vista, concretizo-os segundo a
realização que me permite manter de pé, honesto com a minha necessidade e
com vontade de em paz, continuar a construir as minhas elações do que é
o nosso mundo, o constituinte físico e metafísico de cada uma das suas
partes, conforme a leitura e o que queira privilegiar no seu devido
contexto.
Um foco, na grande condicionante do meu trabalho no ponto cardeal da sua
conceptualidade, é a luz, , pois é ela aliada à forma que dá
origem a tudo.
O que compõe qualquer "imagem"? - Luz e forma. Sem luz a forma não é
visualizável, sem forma a luz é indistinguível. É a forma/espaço que
permite a existência da luz. Esta directriz é a base da estilização que
trabalho. No entanto em vez de focar numa abordagem que se centralize na
evidencia sombra/luz, remetendo a composição para uma maior preocupação
com o realismo e não com a criatividade, tendo a me dedicar sim à
estilização da luz por todo o potencial que lhe está intrínseco,
pintando a luz e usando para isso a escolha de diferentes tons, tendo
como único critério a obtenção da luminosidade sentida, o que pode ser
atingindo com qualquer tom que perfaça a necessidade. É assim que
assumo a tinta como uma ferramenta e não como uma estratégia, não quero
com isso dizer, que uma condição não permita a outra, apenas escolho
esta analogia, para realçar a forma como a uso de modo a obter a forma, em vez de a reproduzir ou simplesmente
interpretar, é assim que encontro nessa abordagem um canal que me
permite estilizar a própria luz e a forma que a torna perceptível, numa
pelo menos desejada, harmoniosa fusão e é nesse processo que consigo prolongar o momento criativo, o momento instantaneo numa série de outros momentos que lhes dão continuidade e assim maturidade, sempre trabalhando a forma, esculpindo-a, com verdadeira devoção na sua expressividade ultima, na assertividade inspirada, apenas alcançavél através do trabalho dedicado e criativo que são na soma das partes, apenas a recreação de um tema
tendo como ponto de partida as suas inerentes características, as fisicas e as metafisicas, sendo estas ultimas, no meu especifico caso, as orientadoras do meu cunho pessoal.
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